sábado, março 17, 2012

Salazar-de Santa Comba

A notícia, ou divulgação dela, deixou-me surpreendido. O Presidente da Câmara de Santa Comba Dâo quer lançar uma marca de vinho "Memórias de Salazar"! Assim mesmo. Já antes tinha havido polémica com a intenção de criar um centro interpretativo sobre o Estado Novo e Salazar. Acontece que o antigo criador e chefe do regime do Estado Novo era natural desta terra , ao que parece do Vimioso. Houve uma grande polémica sobre a proposta. Críticas, ataques, deslocações e perigo de confrontos em Santa Comba. Na altura não me pareceu que a iniciativa fosse de condenar. António de O. Salazar foi uma realidade nacional deste país. Construíu nome a partir da resolução do problema de endividamento (curioso e próximo) e da falta de disciplina. Usou da Ditadura que os militares instalaram com o golpe do 28 de Maio de 1926. Quero dizer que o Salazar não esteve sozinho na criação da ditadura nem da sua manutenção. Parece que toda a gente quer resumir na sua figura os males e as perseguições. Houve muito mais gente! Mas a marca o vinho com o seu nome? Como é? Mais uma vez há apoiantes e datratores. Para mim, que nasci na época em que este senhor mandava, não me parece problemático. Compra o vinho quem quer bebe quem o desejar. Associar esta fórmula de marketing a uma valorização e restauro político é uma forma de mostrar que ainda não resolvemos os problemas dos medos da Ditadura. Se ela quisesse aparecer agora - seja de que quadrante for - estarei na primeira fila do combate democrático. Agora o vinho e o centro de interpretação não me incomodam.

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