quarta-feira, junho 05, 2013

Uma Aldeia Global esquecida?

Estou a ler o livro de Martin Page: A Primeira Aldeia Global - como Portugal mudou o mundo. Não estva à espera do texto que compõe a história. O autor, jornalista e escritor conceituado, reformula o contexto da História de Portugal, apresentando-a sobre uma nova perspectiva. O seu olhar de jornalista e escritor acrescenta novas formas de entendimento da história portuguesa que não eram divulgados ou sequer enunciados.
Do que já li considero o trabalho de investigação e a redação como um dos grandes acontecimentos literários. Martin Page inicia uma viagem fabulosa sobre este território ocidental da Europa e coloca os homens e as mulheres no seu sítio. Dá vida a uma realidade que esteve sempre presente mas que foi adulterada.
Um dos princípios que considero fundamentais para o exercício de historiador é o da independência perante os factos, rigor com as fontes e interpretação cuidada e objetiva. É o que consigo perceber da obra. Daí o meu respeito pelo trabalho.
No nosso país temos tido uma História feita ao gosto e comando dos que julgam ter o Poder. Sempre se praticou a história panegírica, aduladora, encomiasta e feita de acordo com o olhar de quem a escreve. Um dos exemplos mais evidentes da manipulação da história nacional foi a conduta do Estado Novo, de Oliveira Salazar e companheiros de jornada. O pressuposto essencial: Deus, Pátria e Família, levou à construção do país de heróis e santos. Ao contrário a História dos progressistas ou esquerdistas - não estou a menosprezar o valor e conhecimentos de cada um (sim, é bom dizer isto)- assentando no materialismo histórico e princípios afins, procura denegrir o passado com conceitos de verdade que também só procuram um olhar direcionado para a sua utopia.
Ler Martin Page é acompanhar uma viagem desprendida de manipulações e de sujeição a regras e princípios pré-determinados. Vale a pena.

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